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ARQUITETO 

nº arqt. - 16238n 

... Alguns exercícios de  Arquitetura desenho e 3D ...

Ordem dos Arquitectos Norte desde 2006 

"um momento de Arquitectura"

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Conversas ao Vento “Arquitetura Económica”

Como sempre, faço deste espaço o meu local de pensamento e divagação sobre um determinado assunto... pensar é diferente de escrever, ao escrever construímos pensamento, razão e ordem, damos forma ao pensamento através da palavra escrita, hoje em uma urgência de momento tive vontade de falar sobre arquitetura, já que é uma das minhas áreas de formação e interesse.
Quando penso em arquitetura num todo, penso no que a materializa, na sua economia e nos dias que correm, na nossa contemporaneidade e em fatores ambientais que a estão a moldar a novos conceitos e interpretações. Longe vão os tempos em que arquitetura tinha uma significação de poder, e era encarada como uma forma de arte sobre princípios... no sec XVII os palácios não tinham casas de banho, e os nobres faziam as suas vergonhas por detrás de luxuosas cortinas, a urina corria para as janelas ao tom de cravo, e as pesadas pinturas faciais e perfumes afugentavam as moscas, no entanto, eram faustosos em obras de arte e pinturas de grande mestria, os seus pés direitos eram de assombro e albergavam “gigantes”, eram obras-primas construídas à força de grande poder económico, e princípios geométricos e regras ancestrais vindas de um Clássico “próximo”. Com o passar dos tempos a preocupação virou-se para o homem e o ato de habitar, arquitetura e a sua função passaram a ter uma relação próxima, onde forma função existiam numa obrigatoriedade de validação de existência. Não foi num tempo muito distante, aliás nos anos cinquenta do sec XX, a “conversa” com um arquiteto era um ato de análise e perscrutação do hábito e de vida de quem a ia vivenciar, muito além de um ato de construir todo ele novo e revolucionário, estava aí a maquina de habitar com princípios de regra e ordem que lembravam um Clássico sempre moderno. Nasci em setenta e três, formei-me em arquitetura em dois mil e seis, e, na verdade nunca fui arquiteto, pelo menos aquele arquiteto que qualquer um (que abraça esta profissão almeja ser) pensa ser, fui antes um economista, medi metros quadrados a preço, e numa ânsia de querer, construi castelos de areia com semelhanças evidentes, pelo simples facto que cumpriam com o seu lado económico e funcional. Para mim projetar deve ser um ato de profunda conexão entre o bem viver espaço e a sua realização económica, a economia deve assim servir o lado humano que vive e respira espaço, o espaço habitar... mas estas são preocupações de comodidade, são preocupações sensitivas... já vivemos em cavernas e estas não menos cumpriam com a sua função, eram lugares de grande intimidade humana no seu sonho, eram espaços de sociabilização e até de magia, apesar de fazerem parte de um lado selvagem e natural. Mas falemos de hoje, a preocupação ambiental pronuncia uma nova arquitetura, com uma pegada menos pesada para o ambiente, e exige, sim exige normas técnicas, materiais de grande grau de reciclabilidade, uma arquitetura “circular”, aliando desta forma maior rigor técnico e cientifico nos materiais que a constituem...prevejo uma arquitetura de catálogo, em que se montam “necessidades” e o cumprimento com as regras temporais. Mas ainda não está plenamente implementado. Pensando nisto é do nosso interesse como técnicos criar respostas, soluções! Será o termo mais exato, foi a pensar nisto que criei este modelo de arquitetura económica.
Tendo em conta que a construção (a velha construção de betão e alvenaria) a estrutura leva a sua parte cerca de um terço do valor total de obra, e a mão de obra na construção é responsável por um peso significativo também. Tentei criar um modelo que tivesse em conta alguns princípios, no que diz respeito ao construir. Sabemos de antemão que um polígono estrutural mais uniforme, leva a uma solução de lajes aligeiras, e um posicionamento de pilares mais regular (exigindo vigas mais baixas, e pilares de secção menor), é fácil ver o valor descer na construção quando evitamos os maciços. Quanto aos interiores, estes podem ser executados com processos mais rápidos e menos “pesados” (apesar de mais caros no seu m2) são mais rápidos na sua execução, poupando um valor importante gasto em mão de obra. Nesta solução que apresento podemos ver como mantive em termos funcionais, o lado social separado por uma “coluna” de águas e eletricidade do lado íntimo do espaço habitar. O princípio do íntimo e social é recorrente no projetar espaço habitar. Como é óbvio o económico encabeça todo o conceito, em termos funcionais e físicos podemos dividir o projeto em três colunas, uma o espaço íntimo, a coluna de águas e eletricidade (que concentra todo o tipo de ligações e especialidades no centro da casa e numa única “linha”) e o espaço social. Existe algo que será uma preocupação para alguns que é o facto de haver dois carros sem espaço para abrir portas, no entanto, é um lugar onde se tem a dimensão de dois carros e isso é o importante da questão.
Quero ainda dizer que esta solução ou esta proposta se enquadra entre dois tempos, no final de um e no princípio de um outro, a habitação (não a multifamiliar) em breve passará para uma construção de “estaleiro” e quando digo estaleiro, é concentrada num único lugar, onde se dará lugar a um conceito "fordiano", dezenas de módulos com distintas funções irão ser construídas às dúzias dentro de uma fábrica, segundo princípios de economia e eficiência, devidamente certificadas, testadas e dimensionadas para fazer cumprir a sua função de habitar, e ecologia. Parece um disparate o que fiz e projetei... nunca sairá do papel!!!
Para finalizar este pequeno texto que poderá não ter interesse para ninguém para além da minha própria pessoa, termino com a pergunta, onde será o lugar do arquiteto e o que é isto de ser arquiteto, que lugar temos no futuro, qual é a nossa função e que papel temos no habitar... ontem projetávamos casas especiais, para pessoas particulares e desta forma distintas de todas as outras... o futuro avizinha-se com uma despersonalização da casa como lugar de habitar, é um habitar à medida de todos e de ninguém em particular. Somos talvez uma raça em extinção ou talvez uma classe de técnicos em transformação... temos que refletir, é importante refletir... para onde caminhamos e por onde vamos...

Texto em revisão (050823 - 22:30)

Autoria integral ARAúJO PINTO 23

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